6 de abril de 2010

O DIA EM QUE O RIO PAROU

É triste ver uma cidade boiando diante do volume inesperado de água. Já são mais de 30 horas de chuva (já atualizando o blog no dia 7), o que só piora a situação das encostas na cidade. Mais de 90 mortos, e um número desconhecido de desaparecidos. A ajuda é necessária em vários pontos do Rio. 

Vale lembrar o pensamento de Nelson Rodrigues, que dizia:
Em meio ao caos, não há improviso, só obras de séculos!

O volume de água da chuva daria para encher 300.000 piscinas olímpicas, segundo informaram na tv.Com certeza é uma situação atípica. Mas diante do cenário lamentável, não há como imaginar que uma cidade como essa possa receber uma Copa e uma Olimpíada, com água invadindo a quadra do Maracanazinho e alagando as principais vias de acesso. Há pontos centrais, como Praça da Bandeira, Av. Maracanã e Lagoa, por exemplo, que sempre alagam com os temporais do Rio. É um problema crônico que existe há muitos anos (pelo menos os registros das primeiras grandes enchentes são da década de 1960) e até hoje não foi solucionado pelos inúmeros governos. O atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante sua campanha, criticou o então prefeito, César Maia, justamente com as constantes enchentes, afirmando que a cidade não estava preparada para escoar o volume de chuva. E o que ele fez até agora? Nada. Os mesmos lugares são alvo e continuam atrapalhando o direito de ir e vir do cidadão carioca.

As pessoas são impedidas de saírem de suas casas. O próprio prefeito pede para população não sair de lugar seguro. Resultado: a cidade pára.

A cidade pode estar salva de terremotos etc, mas não das enchentes, afinal, vivemos em um país tropical. Então, se o problema é crônico, por que não investir em soluções tecnológicas para isso? Cadê os Centros de Excelência de Ensino e Pesquisa do país? Por que os governos estadual e municipal (e por que não o federal também?) não encomendam estudos e investem em soluções para resolver de uma vez por todas o escoamento?

Falta educação dos cariocas? Sim. Precisamos nos conscientizar do problema do lixo, dos bueiros, das encostas. Saber que a cidade tem seu limite e respeitar isso.



O Dia em que a Terra Parou
Composição: Cláudio Roberto / Raul Seixas

Essa noite eu tive um sonho
de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém


O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar
No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou

 
O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar


No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou

Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou (No dia em que a terra parou)


E foi assim no dia 6 de abril de 2010 na Cidade do Rio de Janeiro

Um comentário:

Ju disse...

É... como disse uma amiga... essa é a chuva que toda criança sonhou para ter no dia daquela prova de matemática hiper ultra mega difícil!

Foi um dia mt difícil para a população do Rio... muita gente sofrendo. Mas confesso, que foi gostoso ficar em casa num dia como esse!

bju