É engraçado, mas quando criei esse blog, há dez anos, sempre
vinham histórias sobre relacionamentos alheios. Às vezes, me pegava pensando
também como seria o meu, quando tivesse.
Sim, já namorei outras épocas, mas fiquei uns bons cinco
anos solteiros, o que me fez amadurecer e refletir muito que tipo de
relacionamento eu esperava ter. Sabemos que não há uma cartilha para ter um perfeito,
mesmo já sabendo que todos eles devem ter respeito, companheirismo, admiração,
carinho etc.
Como bom pisciano, sou idealizador e, claro, imaginava que
minha companheira deveria ter certas características para combinar comigo. No
mínimo, ser uma pessoa comunicativa, afinal, sou comunicativo e gosto de
conversar, conhecer pessoas novas, fazer boas amizades.
Até que conheci uma pessoa que, mesmo sendo simpática
comigo, não era a mais comunicativa do ciclo de amigos em comum. Nos conhecemos
no trabalho, sentando um próximo ao outro. E em apenas dois meses no emprego
novo, já havíamos combinado uma viagem juntos, em grupo. A velha clássica da
amizade que virou romance.
No início, acompanhei suas frustrações amorosas, ouvia suas
histórias e os “causos” com outros garotos. Mas desde já, imaginava que tudo
aquilo poderia ser resolvido num piscar de olhos. Bastava ela me dar uma
chance, e daí as coisas iriam caminhando...
Esse dia aconteceu de forma bem despretensiosa. Uma festa de
amigo, um convite de última hora, ela resolveu levar uma amiga e apareceu já
tarde da noite. Nesse dia, lembro-me que estava rodeado de amigos, bebendo,
dançando, nos divertimos como sempre fazíamos quando estávamos juntos. Mas eu
percebi também que ali tinha uma chance. Talvez se eu fosse mais direto,
objetivo, não deixasse escapar o velho papinho de “somos apenas amigos”.
Meu histórico de approach
nunca foi lá essas coisas. Os mais próximos sempre me alertavam: “deixa de ser
amiguinho. Chega logo e pronto”. Talvez, naquela noite, eu tenha ouvido uma voz
no pé do ouvido dizendo exatamente isso. E fui. Por um segundo, já me vi
abraçando e beijando aquela menina, que até então não me enxergava como um
pretendente (não gosto desse termo, mas é o que veio à cabeça).
Então, começamos a ficar juntos. E com a convivência diária no
trabalho, era quase impossível não ter uma aproximação mais intensa. Já
almoçávamos juntos praticamente todos os dias, antes de acontecer. Depois, era
natural ficarmos juntos. Se antes voltava de metrô, agora já tinha um pretexto para
preferir o ônibus, e assim voltarmos conversando no caminho até o ponto.
Nossas conversas passaram a ser sobre nós dois. Não havia
mais espaço sobre casos passados, frustrações, fantasmas que magoaram... E cada
vez nos entendíamos mais, cada um com sua personalidade.
Sobre a personalidade, aliás, há um grande hiato que nos
separa. Pois se eu sou expansivo por natureza, ela é extremamente reservada, de
poucas palavras. Às vezes, me irritava (acho que ainda irrita) aquele silêncio
no carro, quando não há diálogo. Sim, eu preciso aprender que o silêncio num relacionamento
é importante, para não haver discussões idiotas. Pensar mais que falar. Estou
aprendendo muito com ela sobre isso. Ainda coloco nesse parágrafo sobre
personalidade o fato de eu ter muitos amigos e, consequentemente, uma vida
social intensa. Já ela tem os mesmos “amigos de fé, irmãos camaradas”, amigos
de copos e tantas jornadas. Isso faz com que ela nem sempre está disposta a me
acompanhar (e ser simpática com todos), e nem eu de abrir mão da programação
com os amigos.
Mas é quando estamos só nós, ali, juntos, no nosso cantinho
(seja na minha casa, ou na cama dela), é que nosso entendimento e cumplicidade
falam mais alto. E sabe aquele silêncio que tanto me incomoda em outras situações? Pois é,
nesse momento, o nosso silêncio fala muita coisa sobre nós. Nossas bobeiras,
nossas risadas, nossas dancinhas toscas, nossas... enfim, quando somos nós, eu
& ela.
No último dia 31, completamos um ano de namoro. E quando
resolvi escrever sobre relacionamento, foi para datar algo que já vem
acontecendo ao longo desse um ano. E que nos faz muito bem. Mesmo com todas as
nossas diferenças; mesmo com o silêncio, ora cabível, ora irritante; mesmo com
os zilhões de compromissos sociais; mesmo quando eu quero acordar cedo e ela só
pede para dormir mais um pouco... tudo isso é feito o nosso relacionamento, que
vai muito bem, obrigado!
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