22 de maio de 2015

Fernando de Noronha - Parte 3



Fernando de Noronha é conhecida como uma ilha com abundante riqueza marinha. Como escrevi no primeiro post, não é preciso mergulhar com cilindro para conseguir encontrar tamanha riqueza, porque em algumas praias, já no raso, é possível enxergar usando snorkel uma série de espécies de peixes. Portanto, para quem visita a ilha, o mergulho é quase obrigatório, mesmo que seja de snorkel. É claro que há pessoas que têm fobia com mar, ou que não conseguem se adaptar com snorkel, por conta da respiração, da pressão no ouvido etc. Mesmo assim, essas pessoas ainda podem desfrutar as águas cristalinas de Noronha. Para quem realiza o passeio de barco, por exemplo, há uma parada em uma das praias (geralmente na praia do Sancho) para o mergulho. E para quem não sabe nadar, eles disponibilizam boias, salva-vidas e macarrão (um isopor comprido, usado em aulas de natação e hidroginástica). Se precisar ainda, um dos instrutores acompanha durante o mergulho.


Porto de Noronha

Aos mais aventureiros e destemidos, o mergulho livre é bastante comum em algumas praias, como no Sancho, no Sueste e no Porto. Aliás, nessa última praia, a riqueza marinha surpreende, principalmente porque lá é possível mergulhar a uma profundidade considerada pequena (até 7 metros), próximo a um naufrágio existente, onde encontram-se inúmeros corais que acabam atraindo peixes, arraias, tartarugas e até tubarões.


Mergulho de cilindro no naufrágio

E por falar em tubarão, os moradores da ilha se gabam em afirmar que nunca houve um caso de acidente sobre ataque de tubarão a banhistas ou mergulhadores. Eles explicam o fato de que, ao contrário de regiões onde geralmente acontecem esses ataques, a região de Noronha apresenta um equilíbrio ambiental tão importante que o animal não busca a carne humana como opção alimentar. Eu mesmo tive a oportunidade de ver um tubarão (com cerca de um metro e meio) durante o mergulho de cilindro na praia do Porto. Minha reação (estúpida, diga-se de verdade) foi nadar atrás dele, querendo ter a oportunidade de admirá-lo por mais alguns segundos. O instrutor puxou meu pé de pato e me fez um sinal para que eu voltasse e que deixasse o animal seguir o caminho dele. Essa percepção de que o tubarão é um animal perigoso e sempre ataca não é tão comum por lá. Mas claro, devemos ter consciência que nós, humanos, é que estamos invadindo o território dele e de todos os outros animais marinhos, portanto, devemos respeitar seu espaço.


Mãe e filhote acompanham passeio de barco

Aliás, essa consciência é bastante comum entre os moradores da ilha e eles procuram repassar aos turistas esse cuidado. Durante o passeio de barco, é comum os golfinhos acompanharem durante um trecho. Alguns deles se aproximam da embarcação e realizam um verdadeiro espetáculo nas águas, com saltos incríveis. Alguns especialistas explicam que essa é a maneira que eles encontram para despistar os “estranhos” (nós humanos) em seu ambiente, por isso, “indicam” a direção oposta do restante do grupo, formado muitas vezes por fêmeas e seus filhotes. Enquanto apreciamos os golfinhos no mar, os instrutores do barco pedem para permanecemos em silêncio a fim de não incomodá-los, e o próprio barco segue na potência mínima possível, justamente para não espantá-los.
Além do mergulho de apneia (com uso apenas do snorkel), há empresas que realizam o chamado batismo (para quem nunca fez mergulho com cilindro ou não tem carteira de mergulhador).

 
Turistas acompanham os saltos incríveis dos golfinhos durante passeio

Geralmente, o mergulho é feito em grupos em embarcação com capacidade para 40 pessoas, com instrutores acompanhando durante todo o mergulho. No meu caso, preferi fazer o mergulho de cilindro com um instrutor que trabalha na praia do Porto. Ele acompanha o turista durante o mergulho e sai das areias mesmo, sem uso de embarcação. Além das instruções básicas necessárias, ele vai acostumando adaptação do uso do cilindro no raso, até o turista se sentir seguro e confortável para mergulhar.


Mergulho na praia do Porto

A outra opção é o famoso passeio conhecido como “Planasub”. Exclusivo de Noronha, esse passeio é feito também em grupos que seguem em pequenas embarcações para regiões próximas às ilhas secundárias e próximo do Porto. O planasub consiste em uma prancha pequena (comparável àquela prancha das aulas de natação, que servem apenas de apoio para os braços), fina e que é puxada por uma corda presa ao barco. Conforme o barco navega, em baixa velocidade, você segura a tal prancha e é puxado sem fazer qualquer esforço. Com uso de snorkel, a pessoa tem duas opções: ou fica na superfície da água, apenas apreciando por cima a vida marinha, ou pode afundar a prancha, que perfura a água rapidamente (conforme a velocidade do barco) até certa profundidade. A pessoa deve controlar com uma das mãos a pressão no ouvido durante a descida e, claro, saber prender o ar nos pulmões durante o mergulho. A sensação é extraordinária, não só pela experiência em nadar sem fazer nenhum esforço, mas também pela oportunidade de você encontrar tartarugas, peixes, arraias e uma série de espécies marinhas. Esse passeio pode ser fechado no mesmo pacote do passeio de barco e tem duração média de 15 minutos por pessoa.

Veja também:
- "Noronhar" Parte 1
- "Noronhar" Parte 2

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