21 de maio de 2015

Fernando de Noronha – Parte 2

Trilha da Pontinha

Algumas pessoas me perguntaram: “Fernando de Noronha é um lugar com conforto?”. Depende da proposta de viagem. Mas sinceramente, acho que não é o destino para quem busca conforto. Para os que curtem praias paradisíacas de fácil acesso, com serviço de bar à beira mar, hotéis com piscina e várias opções de lazer, então é melhor ir para um resort ou para Cancún.

Praia do Bode
Definitivamente, Noronha é um lugar onde a beleza natural está preservada. Portanto, para curtir em sua essência é preciso gostar de natureza. É claro que aos que podem bancar tal conforto vão ficar em pousadas cuja diária não sai por menos que R$1250, e um simples passeio de barco pode custar o mesmo preço, para duas pessoas com direito a prosecco. Mas essa não é a realidade da maioria (muito menos a minha). Já basta o custo da taxa diária e o valor de alguns passeios “obrigatórios” da ilha.

Morro do Frade

Outra novidade, que não existia na minha primeira viagem, foi a criação dos chamados “PICs” – Postos de Informação e Controle, que funcionam em alguns pontos turísticos da Ilha, como a trilha de acesso para Praia do Sancho e também para praia do Sueste. Nesses pontos de controle, o turista é obrigado apresentar uma carteirinha, feita na própria ilha e tem custo diferenciado para turistas estrangeiros (R$162) e brasileiros (R$81), com isenção para idosos e crianças menores de cinco anos. Isso faz parte da ação de controle e preservação ambiental realizado pelo Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (www.parnanoronha.com.br), criado com objetivo de valorizar os ambientes naturais, preservando a fauna, flora e os demais recursos naturais. Alguns moradores da ilha contestam essa cobrança a mais, uma vez que o turista já é obrigado a pagar a diária durante sua estadia na ilha. Esses moradores afirmam que, se o dinheiro recolhido pelo governo fosse bem empregado, já garantiria de fato tal controle e preservação realizados pelo Parque.

Piscina Natural de Pontinha
Além desses postos, para alguns passeios realizados na ilha, são exigidos a tal carteirinha com agendamento prévio. Esse agendamento é realizado na sede do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), também responsável pela fiscalização de visitação e passeios. O turista recebe um papel indicando o dia e horário permitido para visitação, com direito a um guia local. Há um limite diário de visitantes para cada um do local escolhido. Fazem parte desse agendamento as trilhas para a famosa piscina natural do Atalaia (que infelizmente encontrava-se fechada por conta da presença de algas), Pontinha – Pedra Alta, Enseada dos Abreus e São José.
Eu tive a oportunidade de fazer duas trilhas: Pontinha – Pedra Alta e Abreus. A primeira corresponde a percurso de 3.700 metros, com um longo trecho de pedras. Nessa trilha, que começa próxima a Vila do Trinta, é possível ver de perto o famoso Morro do Frade e conhecer as piscinas naturais de Pontinha e Caieiras, com uma vida marinha impressionante. O percurso termina justamente na praia Caieiras, que fica muito próximo à praia do Porto. Alguns chamam essa trilha também de Atalaia longa, porque é possível chegar também nessa praia.

Vista para uma das piscinas naturais de Abreus

Já a segunda trilha, que dá acesso à Enseada dos Abreus, começa próximo à praia do Sueste. Assim como a outra trilha, esta também está voltada para o “mar de fora”, e por isso é obrigatório o acompanhamento de um guia local autorizado. Antes de chegar às piscinas naturais, é necessário descer uma altura considerável de pedras, o que pode ser complexo para quem não está acostumado em fazer trilhas. Existe uma corda no local para auxiliar nessa descida, por isso alguns chegam a falar que é preciso fazer rapel para acessar as piscinas. Nosso grupo desceu tranquilamente, sem ajuda da tal corda.

Uma das piscinas naturais da Enseada dos Abreus
Vale lembrar que esses passeios só são permitidos em período de maré baixa, justamente para aproveitar tais piscinas naturais. Esse acesso é controlado por fiscais nas entradas das trilhas. Por conta do período de chuva (de março a julho), muitos trechos de ambas as trilhas estavam repletos de lama, o que dificultou a passagem. Mas nada que um bom aventureiro já não está acostumado. A dica é colocar um tênis para evitar escorregar (ou para quem tem sapatilha de mergulho/escalada), bastante repelente e filtro solar, além do boné e o colete salva-vidas, este obrigatório para entrar nas tais piscinas.

Enseada dos Abreus
Particularmente, foi a parte mais interessante dessa viagem. Como já escrevi anteriormente, essas trilhas é o que diferem o turista comum do aventureiro, porque só este realmente terá disposição e coragem para conhecer o que a ilha tem de mais precioso, que são as belezas naturais selvagens e preservadas. Não há estradas para carros, não há lojinhas nem qualquer infraestrutura para receber todo tipo de turista. E apesar disso tudo, a recompensa no final é indescritível.

Veja também:
"Noronhar" - Parte 1

Nenhum comentário: