Empregada, faxineira, diarista, secretária do lar, “a moça
que trabalha lá em casa” são algumas formas de chamar a pessoa responsável pela
“ordem” da casa, seja arrumando, faxinando, cozinhando, lavando e passando
roupa ou outros serviços domésticos
O fato é que todo mundo gostaria de ter uma e, quando tem, é
difícil não ter uma reclamação a fazer. “Ela não arruma do jeito que eu gosto”,
“ela tem mão mole, quebra tudo”, “ela é folgada, acaba com meu queijo importado”,
“ela é lerda demais, passa um dia inteiro para limpar um apartamento pequeno”, “Ou
sabe passar bem, ou sabe faxinar ou sabe cozinhar. As três coisas, impossível”,
“Ela é daquela que embrulha e manda, e ainda acha que me engana”, “Quando
falta, vem com aquela desculpa esfarrapada”, e por aí vai.
Está certo que 99% dessas e outras reclamações vêm de
mulher, porque em geral os homens não têm aquele olho clínico para enxergar a
sujeira no canto esquerdo do ladrilho da segunda fileira de cima para baixo do
banheiro. Se varre e tira a poeira, lava e passa a roupa e prepara um “rango”
para matar a fome, então é ótima.
Quando resolvi morar sozinho, só tinha uma preocupação: “a Alitéia
pode trabalhar para mim?”. Foi essa pergunta que fiz a minha mãe, pedindo “permissão”
para dividir a fiel escudeira de tantos anos. Ela veio trabalhar conosco quando
eu tinha 14 anos, desde então ela cuida da gente, do jeito dela, mas cuida. No
início, foi difícil se acostumar com a gororoba comida preparada por
ela. Mas aos poucos ela foi aprendendo com minha mãe, até o jeito de passar o
bife, de arrumar a cama, de passar a roupa etc.
Portanto, mal acostumado (não mimado!), era impossível eu
fazer tudo isso sem ajuda da querida Alitéia. Outro dia, minha amiga me
encontrou no supermercado e se espantou quando me viu com carrinho de compras e
Alitéia do lado. “Você traz ela para fazer compras?”. “Claro! Ela é quem sabe o
que está faltando lá em casa”! Ok, não é sempre que isso acontece, mas quando
ela não vai, sempre rola um telefonema para tirar a dúvida de qual tipo de “Veja”
comprar.
Mas os anos de convivência trazem desgastes, como todo
relacionamento de muito tempo. Semana passada, minha avó foi chamar atenção
dela porque havia manchado um tapete com água sanitária. Ela não gostou do
jeito que minha avó falou e na semana seguinte não apareceu, nem ligou avisando
o porquê. Quando minha mãe resolveu ligar, ela apenas respondeu “tirei a semana
para pensar sobre o que realmente quero para minha vida”. Achei interessante.
Fico imaginando eu respondendo isso ao meu chefe, depois de um dia estressante
de trabalho, com cobranças, relatórios e prazos apertados.
Independente do tipo de serviço prestado – afinal devemos
respeitar todos eles –, há de ter respeito em toda relação entre empregado e
empregador. Respeito não é sinônimo de autoritarismo, nem de intimidade. Você
pode ser amigo de seu chefe, mas saber separar os papéis e as funções de cada
um, tanto ao seu superior quanto ao seu funcionário. Qualquer atitude
desrespeitosa por ambas as partes pode causar consequências graves e irreparáveis.
Principalmente nesses casos, entre patrão e empregada doméstica.