Quando
resolvi morar sozinho, achei que muita coisa iria mudar em minha vida,
principalmente o lado “dono de casa”. Realmente pensei na época que aprenderia
cozinhar e ser um faz-tudo. Mas alguns anos se passaram e eu percebi que não
sou um bom dono de casa. Não tenho nenhuma habilidade para atividades
domésticas. Se a corda do secador de roupas arrebentar, por exemplo, demoro
para resolver o problema, até chamar alguém para consertar para mim.
Por um
lado, aprendi a dar valor aquilo que sempre meus pais fizeram muito bem. Meu
pai, por exemplo, sempre consertou, ajeitou, pendurou, aparafusou, trocou tudo
que precisava dentro de casa. Mas ele gostava disso e sempre aprendeu sozinho.
Por outro, percebo que falta talento de minha parte, ou melhor, empenho e
dedicação.
Nunca
procurei saber, mas acho que deveriam existir cursos básicos de tarefas
domésticas para solteiros ou recém-casados. As tarefas de passar, limpar e
cozinhar são até mais fáceis aprender. Mas quando o assunto é mais específico,
falta conhecimento de causa e principalmente prática para isso. No final, você
acaba contratando o serviço, mesmo que ele seja banal.
Na
cozinha, eu não passo fome. Gosto de inventar alguns sanduíches, umas pastas,
umas saladas e massas. Mas nada de preparar grandes jantares, com pratos
refinados etc. Uma coisa é certa: você aprende fazer mercado. Depois de algumas
tentativas frustradas comprando frutas além da conta, carnes duras, produtos de
péssima qualidade e caixas de congelados Sadia, agora a lista básica é pensada
evitando qualquer desperdício ou produto fora do orçamento.
O mais engraçado
de tudo isso é perceber que exatamente aquilo que você mais criticava quando
criança, agora você faz o mesmo. Se eu estiver na rua e passar em frente a um
mercado, sempre penso “o que está faltando lá em casa e preciso comprar?”. Era
exatamente assim, quando estava com minha mãe e ela passava na frente do
Mundial. Sempre tinha “um leite para levar, um sabão em pó para comprar, um
iogurte que acabou”. Eu passei ter trauma daquele mercado, conhecido como o
mercado dos idosos e das filas gigantes.